terça-feira, 30 de maio de 2017

Ping-Pong: O que Jorge Eduardo pensa do futuro do rádio?

  


  Jorge Eduardo é um Jornalista e Radialista Carioca especializado na produção de conteúdo, reportagens e locução. Nessa entrevista, Jorge foi questionado sobre o que pensa do rádio atual e de diversos outros assuntos.

   1)Fale da sua carreira, como que surgiu o rádio na sua vida? Qual foi o pontapé inicial? 

   Quando criança sempre fui envolvido com gravadores, fitas K7, microfones, gravava muita música das rádios, editava, fazia paró- dias juntando as partes das próprias músicas... Às vezes eu colocava minha voz como se fosse um locutor... Gravava, regravava, editava, sem saber que isso faria parte da minha vida. Além disso, sempre gostei muito de futebol, de esportes e quando ia na arquibancada do Maracanã eu pensava: “como deve ser legal a vida daqueles caras lá no campo. Trabalhando nos jogos, vendo todos de graça, na beirinha e ainda viajando com os times... Sempre ouvi muito rádio. Rato de rádio Acho que o caminho foi natural. 

  2)Recentemente, conversando com você (via redes sociais), me disse que “o rádio respira por aparelhos” o que fazer diante dessa crise? 

   O rádio como a gente conhece, o Rádio emissor e o ouvinte receptor, isso já era. Morreu. Ninguém ouve mais rádio, estaticamente, cozinhando, ou sentado na sala, no quarto... O momento é de ruptura. È um terremoto. O fim de uma era. Para onde vamos? Como será o futuro? Não sei. Mas rompeu-se um paradigma. O que fazer? Experimentar. Experimentar até encontrar o ponto de equilíbrio novamente. 

 3)Como você vê o surgimento das emissoras de rádio web? Pode ser considerado o futuro do rádio?

  Sem dúvida que sim. Aliás, tudo pode. Como disse, não sei qual será o formato do rádio no futuro. Se podcast, se web rádio, se youtube, ou alguma outra coisa que ainda possa surgir... Mas as web rádios são uma realidade. E quanto mais segmentado, objetivo e rápido for seu conteúdo, a minha impressão é a de que o sucesso será proporcional junto ao seu público-alvo. 

4)Sei que hoje para tristeza do rádio e de quem é apaixonado por ele, você se encontra fora desse meio. Mas como é a sua rotina diária hoje ,e como era na época de Rádio Globo? 

  Não é falar mal. Aliás, é e não é. Na época da Rádio Globo não tínhamos vida. Era viver em função do trabalho 24 horas por dia. Meu celular, quando ele passou a fazer parte da rotina, nunca desligou. Fosse pela necessidade da empresa contar comigo, fosse pela notícia não ter hora para acontecer. Era quase escravidão. De segunda à segunda, sem hora pra entrar e nem hora pra sair, chefes doentes, chefes estressados, chefes mais maleáveis, mas sempre muita cobrança. Viagem em cima de viagem, ao ponto de acordar de madrugada e não saber onde se estava. Mala sempre pronta ou nunca desfeita. Dei à Rádio Globo a minha juventude e a fase mais produtiva da minha vida. Ganhei autonomia como homem, aprendi muito sobre a vida, conheci lugares fantásticos, conheci pessoas boas e ruins e cresci muito. No final das contas, acho que ficou elas por elas... Hoje a vida é menos pauleira. Mais racional. Dá pra curtir os finais de semana e as datas importantes com a família. 

  5)Com toda a sua experiência profissional, como você vê o rádio daqui alguns anos da forma que está seguindo hoje? 

  Não consigo enxergá-lo no futuro. Não que ele vá acabar. Não é isso. Mas as possibilidades são inúmeras. O terremoto é muito forte. Os danos são grandes e traumáticos. Aliás, toda transformação é assim. Até as forças se reequilibrarem vai levar tempo. Não dá pra dizer se ainda haverá radinho de pilha ou se o rá- dio será pela internet, no smartphone ou em qual plataforma... Torço para que a readaptação seja rápida e a reabsorção dos profissionais aconteça o mais rapidamente possível. Certamente a segmentação, o contato mais direto com o público-alvo, será a tônica. Não acredito mais nas grandes programações variadas... As exigências do mundo moderno não comportam mais a variedade... O que é uma pena... 

  6)Tem alguns jovens jornalistas no rádio que se destacam hoje? Cite alguns deles na sua visão jornalística. 

  Tem vários, mas que terão que se readaptar também. Se reinventar. Pude ajudar na criação de vários talentos quando dirigi a Bradesco Esportes FM... Muita gente boa. Mas os paradigmas foram quebrados e o futuro é uma grande interrogação. 

  7) Pra encerrar, já agradecendo pela atenção, o que você diria para quem está se formando em jornalismo hoje , diante de uma crise sem tamanho que a área atravessa ? 

   Para pensarem bastante sobre o que realmente querem fazendo jornalismo. Se a ideia é ficar famoso com um esforço relativamente menor, esse será o caminho errado. Para isso temos os BBBs da vida. Leiam mais livros, duvidem, contestem, questionem, sejam éticos. Usem suas próprias cabeças, ao invés de preferirem o caminho mais fácil, do óbvio, do clichê... Pensem por si mesmos. Respeitem quem tem mais experiência, perguntem mais, sejam humildes... Procurem beber nas melhores fontes, sejam honestos... Não somos advogados de defesa e nem promotores públicos. Muito menos juízes. Não temos que atacar, defender e nem julgar ninguém. Somos apenas uma interface entre a realidade cotidiana e o nosso público. Um contador da história real. Nossa função é relatar. Desconfiando sempre das versões oficiais, mas respeitando os limites da ética. Tudo o que a gente mostra, fala ou escreve tem repercussão na vida das pessoas, logo, equilíbrio acima de tudo. Sem heroísmos ou protagonismos. Nós não somos a estrela. Outra coisa, nós também não somos a empresa em que trabalhamos. Apenas trabalhamos nela. Precisamos fazê-la e tê-la forte, mas não podemos nos confundir com ela. Usá-la como sobrenome, como parte da nossa personalidade, é um erro perigosíssimo. Poxa... tanta coisa pra dizer...

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EDITORIAL

  Nosso intuito com essa publicação é mostrar o mundo das Web Rádios, um segmento que vêm crescendo com o avanço das tecnologias. Porém, quando o projeto foi tomando forma, percebemos que o mundo radiofônico em geral, que também compreende o rádio AM e FM, precisava ser abordado, por uma série de motivos, seja a crise atual que o rádio está sofrendo, seja por assuntos tão em pauta como o lugar da mulher na sociedade atual.
  Com isso, percebemos uma necessidade crescente de abordar esses assuntos, por falta de abordagem atual na grande mídia. Por serem concorrentes diretos de outros meios de comunicação, como cor exemplo a televisão, o rádio acaba sendo deixado de lado pelos grandes veículos. Esse é o nosso propósito, dar o devido valor e reconhecimento ao rádio e tudo o que ele proporciona.
  Durante a leitura, você vai perceber que os textos que foram produzidos seguem uma abordagem bastante atual, sem muitos termos técnicos para que o leitor possa entender do assunto tanto quanto quem é da área.
  Esperamos que nosso objetivo de mostrar atualmente como funciona o rádio e como ele poderá ser no futuro, seja alcançado. E que o leitor compreenda a importância desse meio de comunicação para a transmissão da informação durante décadas em que a televisão não existia e a internet não era nem sonhada.

  Sabemos que o leitor gostará de ler esses relatos tanto quanto nós gostamos de escrevê-los. Então, sente-se confortavelmente, ligue o rádio para entrar no clima, e aproveite a leitura.

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